terça-feira, 21 de maio de 2013

Porque dietas não funcionam?

Estamos vivendo uma época singular, na qual há preocupação crescente com alimentação saudável, exercício e bem-estar. Entretanto, os estudos mostram que a incidência das doenças crônicas não transmissíveis, como por exemplo, a obesidade,


a hipertensão arterial, a síndrome metabólica, os cânceres, a diabetes, as reumatológicas e também, os transtornos de ansiedade e a depressão. Essas doenças envolvem fortes fatores nutricionais: excesso de ingestão de gorduras saturadas, calorias e sódio; baixa ingestão de minerais, vitaminas e fibras. A mídia divulga constantemente as pesquisas e suas relações com a nutrição e o sedentarismo – parece que as coisas não se encaixam, há a sensação de que isso não basta; só informação não basta.
Apesar do aumento da informação disponível, observamos que as mudanças de comportamento não ocorrem na mesma proporção. Cada vez mais as pessoas se perguntam por que não conseguem manter o peso “ideal”, a pressão e ansiedade controladas - culpam a dieta, a revista, a nutricionista que não é boa, o médico que não receitou o melhor medicamento, o boicote dos amigos, a falta de apoio da família, a falta de tempo. Esquecem-se do princípio mais caro ao êxito de qualquer tratamento: a autonomia.
A responsabilidade pelo sucesso do tratamento não é apenas do nutricionista ou do médico, ela é, sobretudo, do cliente. Isso mesmo, nem sempre, somos pacientes no cuidado da saúde, somos clientes responsáveis contratando um serviço e querendo bom tratamento. Os conceitos precisam ser revistos. É importante frisar que a parte que cabe ao nutricionista e a qualquer profissional da saúde é ajudar no processo motivacional e plantar as bases para o plano de ação que o cliente deve traçar para alcançar o objetivo principal, que é promover e tratar sua saúde.
As pessoas mudam porque seus valores apóiam a mudança. Vários são os caminhos possíveis: elas concluem que a mudança é o melhor a fazer; elas pensam que podem; elas pensam que é importante; elas estão prontas para mudar; elas acreditam que precisam mudar pela sua saúde; elas têm bom plano e apoio social/família adequado para a mudança. O nutricionista deve focar seu trabalho no cliente e entender qual é o gatilho que o levará a mudar seu estilo de vida, deve também apoiar sua autonomia, preencher lacunas e desfazer enganos acerca da terapia nutricional.
Assim, o foco central deve ser o cliente, nunca a dieta em si. O nutricionista tem papel importante na motivação dos clientes para a adoção de estilo de vida mais saudável, mas as estratégias eficazes envolvem mais que a tática de aconselhamento. A compreensão do problema e a disponibilização de informação relevante de modo não “confrontativo” pode aumentar a prontidão para mudanças. O medo de falhar é uma constante entre as pessoas, principalmente entre quem já realizaram muitas dietas sem sucesso e entre os doentes graves. Portanto, o papel do nutricionista volta-se para o encorajamento da autonomia e da confiança, tranquilizando, dando feedback, fornecendo habilidades e recursos necessários para o sucesso do tratamento. Importante: as recaídas fazem parte do processo e não devem ser supervalorizadas.
Em resumo, as dietas não funcionam porque as pessoas, em geral, não sabem o que querem, não podem ou não estão dispostas a realizar qualquer mudança em seus comportamentos alimentares e porque são resistentes. Torna-se urgente pensarmos a questão da educação em saúde e das técnicas que podem ser empregadas pelos profissionais para que os resultados almejados se tornem realidade - os cursos de graduação em Nutrição precisam se estruturar para lidar com a questão da motivação e as reais necessidades dos clientes.
Fonte: ANutricionista.Com - Perla Menezes Pereira - CRN3 14198 -

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